Cultura Organizacional, People Analytics
Ao ouvirmos mais de 65 000 colaboradores em 2023 identificámos duas principais oportunidades de melhoria nas melhores empresas em Portugal.
A primeira encontra-se relacionada com a política de remuneração, quer seja com o salário, quer com a distribuição de lucros. Existindo o sentimento generalizado por parte dos colaboradores que a remuneração que auferem não é justo face aos seus pares, à quantidade e à qualidade das tarefas desempenhadas. Associado ao sentimento que caso exista os lucros são muitas vezes distribuídos, apenas, por um grupo específico. Podemos afirmar que está é uma oportunidade de melhoria “velhinha”, uma vez que já constava no primeiro estudo efetuado pela Great Place to Work® em Portugal e tem vindo a ser uma constante até aos dias de hoje em todos os estudos das melhores empresas.
Não obstante, em 2023, assume novos contornos, resultado do atual contexto económico, mais concretamente da subida da taxa de inflação e do aumento dos juros, com o consequentemente com os custos referentes ao crédito à habitação. Com “menos” rendimento disponível ou já a viver a no fio da navalha, em que com o atual salário não consegue fazer face às atuais despesas, os colaboradores percecionaram, ainda, de forma mais negativa a política de remuneração das suas empresas.
Algumas empresas para fazerem face a este contexto, para além de procederem a aumentos de salários, prémios de desempenho, comissões, entre outros, deram aconselhamento económico e financeiro, disponibilizaram ferramentas para ajudar na poupança e gestão do orçamento, ofereceram cartões presente para a aquisição de bens essenciais, deram de cabazes, de forma regular, com produtos de supermercado essenciais. Isto para além de todos os benefícios que já ofereciam.
A segunda encontra-se relacionada com o teletrabalho e implementação do modelo híbrido. Embora estes modelos já tenham quatro anos de vida no seio das organizações, a sua implementação, ainda, está a impactar, de forma negativa. Quem experiência o modelo híbrido quer mais dias de teletrabalho, não entende o porquê de ter de vir 3 dias ao escritório e os dias que são definidos. Quem não tem teletrabalho quer tê-lo e não entende os motivos por que lhe é negado. Quem está em full remote sente-se afastado da empresa e identificando-se um menor espírito de equipa, sendo mais difícil de criar o “sentimento que estamos todos no mesmo barco”. As equipas de gestão de pessoas, ainda, estão a fazer adaptações às suas políticas e práticas de teletrabalho e/ou modelo híbrido para cada vez mais, estarem adequadas às exigências dos seus colaboradores. É importante estabelecer de forma clara o processo, principalmente, a definição número de dias afetos ao teletrabalho, a explicação das idas ao escritório e o esclarecimento dos motivos para os quais não se promove teletrabalho. É fulcral ter uma cultura aberta e transparente, reforçando a comunicação de forma clara de como esta política funciona. Não esquecendo de considerar o feedback dos colaboradores.
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