Cultura Organizacional, Modelos de Trabalho, Saúde e Bem Estar
De acordo com os dados dos Censos 2021 o tempo de deslocação, em média, para trabalhar ou estudar é, em Portugal, de 19,9 minutos. Caso apenas considerarmos a população que utiliza o modo de transporte coletivo a duração média de deslocação é de 37,81 minutos, média que desce para 17,81 minutos quando se considera, apenas, a população que utiliza o modo de transporte individual.
Os concelhos da área metropolitana de Lisboa são os que registam o maior tempo médio nas deslocações para trabalhar ou estudar, isto independente do modo de transporte utilizado, encontrando-se no top 5 os concelhos do Barreiro (32.4 minutos), Moita (29.3 minutos), Seixal (29.1 minutos), Almada (27.6 minutos) e Sesimbra (27 minutos). Já o tempo médio de deslocação mais reduzido regista-se nos territórios insulares, mais concretamente nos concelhos de Santa Cruz das Flores (11,3 minutos), Vila do Porto (11,2 minutos), Santa Cruz da Graciosa (10,2 minutos), Porto Santo (9.8 minutos) e Corvo (9.6 minutos).
Aproveitamos a semana europeia da mobilidade para analisarmos o que as empresas estão a fazer para ajudar e facilitar o trajeto casa/trabalho dos seus colaboradores. A flexibilidade de horário, associada à mais recente implementação massiva de políticas de teletrabalho tem vindo a facilitar a deslocação diária dos colaboradores entre a sua casa e o seu escritório. Ter flexibilidade de horário permite evitar as horas de ponta quer no início, quer no fim do dia. E pode facilitar a vida familiar ao conciliar com os horários dos filhos na escola. O teletrabalho, por sua vez, elimina o tempo passado no percurso entre casa e trabalho.
Mas as políticas de mobilidade não se podem limitar à flexibilidade de horário e ao teletrabalho. Até porque existem empresas que, pelas exigências da sua atividade, não podem implementar estas políticas a todos os seus colaboradores.
De modo a ajudar na redução dos custos inerentes a este percurso e a promover a utilização dos transportes públicos, são muitas as empresas que comparticipam o respetivo passe de transportes. Existem até alguns casos que adaptam o seu horário à hora de chegada dos transportes, evitando assim os atrasos frequentes por parte dos seus colaboradores.
A Diconium Digital Solutions Solutions é um excelente exemplo de como as empresas podem facilitar a vida dos seus colaboradores, na altura da comuta matinal. Esta empresa atribui um subsídio de mobilidade em que cada colaborador tem um orçamento mensal que pode utilizar numa plataforma de mobilidade, onde pode escolher dentro de um cabaz de diferentes opções de mobilidade, aquelas que mais se adequam ao seu estilo de vida.
Em áreas onde a rede de transportes públicos é insuficiente ou até inexistente são várias as empresas que providenciam autocarros, com percursos e horários predefinidos, contratualizados para facilitar o acesso dos colaboradores às suas instalações. Por vezes, dado o diminuto número de colaboradores, as empresas organizam-se e estabelecem parcerias entre si, dividindo assim, a utilização e o custo do autocarro.
Uma excelente forma de facilitar o percurso de casa-trabalho passa por fomentar a política de boleias e carsharing. As caminhadas, corridas e viagens de bicicleta ao início e/ou fim do dia são também ótimos incentivos que, além da deslocação para as organizações, promovem também a saúde e o bem-estar e são ainda uma forma mais ecológica de locomoção.
A Norauto, por exemplo, fomentou a ida de bicicleta para o trabalho ao converter as pedaladas dos seus colaboradores em donativos para ajudar quem mais precisa.
Não podemos ignorar que, para promover a atividade física para chegar às instalações, as organizações têm de se preparar através da criação de balneários.
Para além das deslocações casa-escritório, a mobilidade das empresas abrange também as deslocações necessárias ao desenvolvimento do seu próprio negócio. Neste contexto, as reuniões online vieram para ficar e tiveram como consequência a diminuição do número de deslocações, a redução dos custos com os combustíveis e um menor impacto no ambiente. Desta forma, assiste-se a uma aposta na frota automóvel de carros elétricos, acompanhado por um aumento do número de carregadores nos respetivos parques de estacionamento. Na situação de ser a empresa a fornecer um automóvel como forma de transporte, estas tentam garantir veículos mais ecológicos, através de contratações de fornecedores mais ecológicos.
As empresas através do coerente e variado conjunto de políticas e incentivos irão ajudar a mudar dos padrões de mobilidade, tornando mais sustentável e pelo caminho ajuda a vida dos seus colaboradores ao torná-la mais eficiente e aliada à promoção de um estilo de vida mais saudável.