A preocupação com o bem-estar dos colaboradores encontra-se no ADN dos Best Workplaces™. Nestas organizações já é comum a comparticipação do seguro de saúde (muitas vezes alargada ao agregado familiar), do ginásio e/ou a criação de equipas para a prática de atividade física. Porém, nos últimos tempos a preocupação com o colaborador tornou-se mais abrangente, passando a incluir práticas que promovem a saúde mental. E ninguém adivinharia no início de 2020 a importância que a saúde mental ganharia, consequência da pandemia que estamos a viver.
Mas muito antes desta crise, já a Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, considerava que excesso de trabalho, exigências contraditórias, falta de clareza quanto ao papel/função do colaborador, comunicação deficiente e mudanças organizacionais mal geridas eram as condições de trabalho que mais podiam afetar a saúde mental dos colaboradores. Já um inquérito promovido pela Ocupacional Safety and Health Association (OSHA) na Europa, identificava como as principais causas de stress nos ambientes de trabalho:
- a reorganização do trabalho ou a insegurança laboral (72% dos inquiridos);
- os extensos horários de trabalho ou o volume de trabalho excessivo (66%);
- a intimidação (bullying) ou o assédio no trabalho (59%).
Analisando estas condições de trabalho, nos Best WorkplacesTM Portugal, Edição 2021, continuam, ainda, a existir oportunidades de melhoria no que respeita à carga de trabalho (82% dos colaboradores afirma que é feito um bom trabalho na atribuição de tarefas/na coordenação de pessoas). Já no que respeita, à gestão de expetativas (85% considera que a liderança exprime de forma clara o que espera do seu trabalho), à comunicação (85% considera que é informado sobre os assuntos e as alterações mais importantes da empresa) e à promoção do equilíbrio entre vida pessoal/profissional (87% afirma ser encorajado a conciliar a vida pessoal e profissional) os números são mais positivos. Estes ambientes são marcados por uma segurança laboral (90% dos colaboradores sente que só será despedido em último caso).
Mas este ano atípico, marcado pela crise do Covid 19 veio mudar a forma como os colaboradores estão a desempenhar o seu trabalho e a dinâmica do ambiente de trabalho, para além de ter desafiado, ainda mais, o sempre muito difícil equilíbrio entre vida pessoal e profissional causando uma maior pressão na saúde mental de todos os colaboradores. A ansiedade e o medo do desconhecido tornaram-nos todos mais frágeis, colocando na primeira página dos jornais a temática da saúde mental.
Deste modo, os Best WorkplacesTM em Portugal implementaram ou reforçaram um conjunto de práticas para responderem às necessidades dos colaboradores, resultantes do impacto da crise do Covid 19, como é exemplo:
- promoção da semana da saúde e mental para alertar e combater o estigma relacionado com a doença mental;
- reforço da comunicação de apoio às equipas em termos de saúde mental (com artigos, dicas, apps de controlo de stress);
- formação à liderança em saúde mental;
- alteração do seguro de saúde para passar a integrar a vertente de saúde mental;
- consultas de psicologia e/ou fóruns com psicólogos;
- linha de apoio com psicoterapeutas e sessões individuais de psicoterapia;
- programas de assistência a colaboradores e/ou familiares disponível 24h por dia, 7 dias por semana, para conversas confidenciais, em caso de problemas não só relacionados com o trabalho (assédio, intimidação, etc.), mas também com problemas pessoais (crise familiares, questões financeiras, etc.);
- sessões de mindfulness;
- aulas de pilates, yoga, etc.;
- workshops sobre gestão de stress, burnout, resiliência e otimismo.
Por último, deixamos aqui um alerta importante mais que as práticas especificamente relacionadas com a saúde mental que podem e devem existir, as empresas têm de criar o ambiente seguro, saudável e sobretudo de confiança, de modo a permitir que os colaboradores se sintam à vontade para falar não só sobre saúde mental (tema, ainda, muito estigmatizado), mas sobre qualquer problema que os afete.
Geógrafa pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde trabalhou, durante, cerca de 10 anos, tendo como principais funções a análise e tratamento estatístico de dados, a produção de apresentações e relatórios de resultados, assim como a criação e gestão de questionários/surveys.