Durante o passado mês de abril, o Great Place to Work® Portugal levou a cabo um survey nas suas redes sociais, que tinha por objetivo perceber como os colaboradores têm vivido a atual crise do COVID-19 nas suas organizações. Este survey dirigiu-se a todos os colaboradores e de todas as organizações.
Os respondentes dividiam-se pelos seguintes setores:
Fonte: Great Place to Work ®, Estudo Covid-19
Como se pode observar através da análise do gráfico abaixo, maioria dos colaboradores afirma que sente apoiado para realizar o seu trabalho a partir de casa (90%)[1], provando o esforço das organizações em adaptarem-se a novas formas de trabalho, como o teletrabalho, de modo a responder às exigências geradas pela pandemia. Esta adaptação poderia ter tido consequências no sempre frágil equilíbrio entre vida pessoal e profissional, no entanto 70% dos colaboradores têm conseguido equilibrar estas duas esferas.
Mesmo à distância os colaboradores continuam a preocuparem-se um com os outros (82%), embora o espírito de equipa seja um pouco menos evidente (70%). A primeira afirmação (87%) encontra-se em linha com os Best WorkplacesTM em Portugal em 2020, já na segunda afirmação (85%) verifica-se um gap de 15pp.
76% dos colaboradores afirmam, ainda, que a liderança os mantém informados sobre os principais assuntos e alterações e os tem envolvido nas decisões que afetam o ambiente de trabalho (83% e 79% Best WorkplacesTM em Portugal em 2020, respetivamente). Alerta-se, também, para o facto de esta comunicação ser feita de uma forma aberta e transparente, verificando-se aqui que, apenas, 70% dos respondentes afirmam que a liderança cumpre o que promete (84% Best WorkplacesTM em Portugal em 2020). De salientar que, normalmente, a comunicação é o calcanhar de Aquiles de muitas organizações, e, é, muitas vezes, descurada em processos de mudança e/ou momentos de incerteza. Por este motivo, em momentos de crise a liderança deve reforçar os meios para falar e ouvir os colaboradores, uma vez que é a formamais eficaz de motivar as equipas, gerar/manter uma relação de confiança e reforçar os valores da organização, podendo, assim, despertar a inovação e o sentimento de pertença, ainda, mais preciso nestes momentos.
As empresas que tem sucesso na criação de experiências positivas consistentes para todos os colaboradores são mais ágeis e inclusivas. A chave para isto é o sentimento de segurança psicológica que ajuda as pessoas a contribuírem com o seu melhor para a empresa, o que aparentemente não foi percebido pelos colaboradores que responderam a este questionário. Esta crise pandémica está a gerar uma degradação da qualidade do ambiente de trabalho, uma vez que, apenas, 67% dos colaboradores afirma trabalhar num ambiente psicológica e emocionalmente saudável (84% Best WorkplacesTM em Portugal em 2020) e 61% afirma que liderança o vê apenas como um(a) colaborador(a), e não como pessoa (83% Best WorkplacesTM em Portugal em 2020). Deixando-se aqui, uma vez mais, um alerta para a importância da implementação de políticas e práticas relacionados com a saúde mental nas organizações.
Os colaboradores evidenciam, ainda, preocupação com a sua situação financeira, já que, apenas, 58% dos inquiridos sentem que têm segurança financeira para enfrentar os próximos 3 meses.
Os colaboradores apresentam atualmente como principal preocupação a saúde, não só a sua, mas também, dos seus familiares e amigos. Seguindo-se o medo de perder o emprego, que está diretamente relacionada com outra preocupação expressada, mais concretamente a manutenção do volume de negócios da sua empresa. Expressam, ainda, preocupação com o regresso à vida normal, receando que este pode ser feito de forma precipitada e insegura. A duração da pandemia e o sempre difícil equilíbrio entre vida pessoal são, também, apontados como fonte de preocupação.
A forma como os colaboradores pretendem ser apoiados pela sua organização passa pela manutenção do contacto diário com a equipa de trabalho, momento onde deverão ser definidas e comunicadas a atribuição de tarefas, assim como partilhados os assuntos e as alterações mais importantes na empresa. Os colaboradores querem, ainda, ter à sua disposição os recursos e as ferramentas mais adequadas para conseguirem realizarem, de forma eficaz, o seu trabalho, assim como gostariam que a empresa continuasse a investir na sua formação/aprendizagem. Foram feitas, ainda, referências à criação/manutenção de todas as medidas de segurança exigidas pelas autoridades responsáveis para o funcionamento das empresas em segurança.
Vivemos num novo contexto económico, na qual mudanças sociais e tecnológicas estão a mudar a forma de fazer negócios. Neste momento é, ainda, mais necessário que liderança se foque e confie nas suas pessoas. Maximizar o potencial humano ajuda a criar um ambiente que levará ao aumento da agilidade, da inovação e da autenticidade juntos dos clientes/consumidores. E se tudo isto for feito corretamente irá refletir-se no seu negócio e na sua capacidade de adaptação a estes novos tempos, fundamental para o sucesso da sua organização.
[1] Os resultados analisados referem-se à percentagem de respostas positivas (4&5)